Monday, November 05, 2007
Os melhores açorianos do Canadá deverão ser, por isso, os melhores canadianos do Canadá”
Humberta Araújo
CorreioCanadiano/NoveIlhas
“Uma impressionante manifestação” de unidade açoriana. Palavras de Carlos César que emocionado neste jantar de gala recebeu as chaves da nova casa, “prova do trabalho e abnegação de quem deixou a terra” e pretende continuar a cultura dos Açores no Canadá.
A adesão ao jantar, que reuniu no Pearson Convention Centre cerca de mil pessoas, na sua esmagadora maioria oriundas dos Açores, foi prova da importância que as gentes das ilhas dão a este projecto, para o qual o presidente apelou à união constante de todos para que o projecto glorifique o trabalho e a cultura das ilhas nestas paragens.
Neste sentido, Carlos César deixou claro que são momentos como estes que estimulam a unidade açoriana e significam a “vitória da persistência, sendo importante pensar que a união não é apenas uma forma de celebração das vitórias, mas também uma forma de preparar novas vitórias.”
Num discurso comovido, o presidente do executivo açoriano realçou o valor da afirmação dos açorianos no mundo, que por toda a diáspora têm mostrado como é possível, apesar das dificuldades, desbravar caminho e honrar a terra dos seus antepassados. Para Carlos César o caminho da afirmação açoriana é conseguido pela “competência, trabalho qualificado, influência e da nossa capacidade de sermos empreendedores, da nossa capacidade de sermos uma força empresarial de ideias e de negócios e de sermos os melhores nas comunidades onde estamos. Os melhores açorianos do Canadá deverão ser, por isso, os melhores canadianos do Canadá”. Uma afirmação que levou a sala ao rubro.
Este é também o caminho certo para que aqueles que deixaram as ilhas homenageiem a terra de origem, terra que ao contrário do passado” não precisa de ver os seus partir, “graças ao nível de desenvolvimento a que chegaram e que vai sendo reconhecido, não só pelos próprios emigrantes, mas também por entidades de prestígio internacional.”
As cerimónias da noite iniciaram-se com palavras de boas vindas do presidente da assembleia geral e benção pelo padre António do Rego. Um dos momentos altos da noite surgiu aquando do anúncio de uma oferta de 50 mil dólares pela LIUNA – Sindicato 183. Durval Terceira, gestor daquele sindicato e natural da ilha de S. Miguel, em representação das centenas de trabalhadores açorianos da construção civil, aliou deste modo o seu esforço a este projecto.
Carlos Botelho, presidente do executivo não escondeu a emoção, ao constatar o apoio directo e indirecto de todos. Numa manifestação de apreço, agraciou Carlos César com o Açor de Ouro e a Ordem de Mérito. Honras estendidas ao primeiro-ministro da província Dalton McGuinty, novo Ministro do Turismo português Peter Fonseca, e ao deputado Mike Colle, em reconhecimento pelo a apoio dado à casa açoriana.
A comitiva da região incluiu ainda o secretário regional da Economia, Duarte Ponte, a directora Regional das Comunidades Alzira Silva, o presidente da câmara municipal de Vila Franca do Campo Rui Melo, e representantes do Grupo Vasconcelos, a única empresa regional que apoiou a nova CAO.
Uma "Casa" para todos
Em tempo recorde e para receber as pessoas que quiseram acompanhar a inauguração das novas instalações da Casa dos Açores, as portas abriram-se no Domingo dando rosto a um projecto por muitos acalentado, e que abre novas perspectivas à união açoriana em Toronto.
Ao descerrar uma placa comemorativa do acontecimento, Carlos César tinha oportunidade de ver in loco o projecto que a região autónoma está também a financiar. Com pompa e circunstância, uma área entre Dufferin e a nova casa esteve encerrada para dar lugar à banda filarmónica e às centenas de curiosos que se juntaram aos convidados para visitar as instalações. Depois das boas vindas e bênção pelo padre Rego, o presidente da assembleia-geral explicou aos presentes o espírito que move esta nova casa. Um espírito de abertura “onde há lugar para todos e onde esperamos que os clubes de origem açoriana sigam o exemplo do Operário”, que já instalou a sua sede no novo edifício. Para João Botelho “não se pretende retirar a individualidade de cada clube, mas sim proporcionar um local onde todas as particularidades açorianas se possam encontrar e reunir.”
João Botelho, emocionado com a avalancha de pessoas que assistiu a esta cerimónia, deu as boas vindas aos presentes referindo que a casa necessita de mobília “ e que ela é feita pelas pessoas para quem as portas estão abertas. Façam-se sócios desta casa, regressem a ela para que seja uma instituição viva.” Um apelo também deixado pelo presidente do governo açoriano que vê na instituição um local onde os açorianos podem mostrar o seu peso. “A comunidade portuguesa e a comunidade açoriana em especial devem constituir-se como verdadeiros parceiros sociais no diálogo com as instituições políticas canadianas e, também, com o governo regional dos Açores. A viabilização do espaço passará pela sua utilização reunindo associações por forma a “creditar a Casa dos Açores do Ontário como um parceiro institucional junto da comunidade política canadiana”, disse Carlos César. A região autónoma, no sentido de apoiar também a viabilização da estrutura anunciou que vai instalar na CAO um posto da Rede de Informação do Governo regional dos Açores.
Nesta cerimónia de inauguração para além da comitiva açoriana assistiram diversas individualidades locais e dos Estados Unidos, assim como o Embaixador de Portugal no Canadá, João Pedro da Silveira Carvalho. Antes da partida para os Açores, Carlos César ofereceu ao presidente da CAO uma placa em estanho com o brasão da Região Autónoma dos Açores.
Após esta cerimónia iniciaram-se os trabalhos da X Semana Cultural da Casa dos Açores, que animam a instituição durante os próximos dias.
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