Thursday, December 20, 2007

This is the time



Time for the one
time for the ones who reach for others,
time to see silence,
nakedness of truth
the silence of me
the truth of many.
Shall we not see the bliss of time
wonder through
the silence of nothingness?

Wednesday, December 19, 2007

Neve cai em Toronto



Just as the forecasters predicted, though a bit late in arriving, Mother Nature walloped Ontario with a giant pillow of snow yesterday. It fell lightly overnight Saturday, but by Sunday morning the city was seeing near-whiteout conditions.

People walked along tire tracks in the middle of streets because sidewalks were impassable. At least one person was spotted skiing to church. By noon, thunder and lightning added a note of menace.

While most of Toronto followed officials' advice to stay home, hundreds of city workers had no choice. Many were out by 3 a.m. yesterday clearing snow from the main expressways. At 8 a.m. more crews began plowing all the roads and were to continue well into today.

"We just wish the snow would stop," said Myles Currie, a director with transportation services who was guiding the city's snow battle yesterday. "But if there's a silver lining in this snowstorm, it's that it happened on the weekend instead of a weekday when all our equipment would be bogged down in morning traffic."

In offices across the city's four districts, coordination efforts were underway. In each office, data such as weather forecasts and police accident reports were being relayed to workers in the field.

Currie says it was the worst storm since 2001. "But that wasn't as bad as this one; we got about 15 to 20 centimetres."

Toronto Star

Monday, December 17, 2007

Toronto de branco

Um cheirinho da beleza e frescura do primeiro nevão neste Domingo dia 16 de Dezembro

O Natal do meu avô - My grandfather's Christmas


O colo do meu avô era doce. O seu corpo cheirava a terra orvalhada, coentros e favas, e amendoim a estalar quente na boca do forno. O meu avô tinha sabor a massa sovada, pevides de abóbora e melancia, couve beijada pela brisa da madrugada. O meu avô exalava odores de batata nova, tabaco, amoras selvagens e uvas de Setembro.
Ele era Verão e Inverno, a amálgama diversa dos sons e emoções de cada estação. Era as festas da aldeia, a fogueira de S. João e o abraço nas noites de trovoada. O meu avô tinha o perfume dos silêncios, do amor sem fala, do carinho sem grandes palavras. E o meu avô tinha o cheiro de Natal: laranjas, tangerinas. Na minha boca e nos meus olhos as ceiras de figos, os licores de anis, o pinheiro enfeitado com os postais que vinham de longe…e o presépio, por onde as mãos enrugadas do meu avô Manuel encaminhavam a minha curiosidade por montes e vales em miniatura cobertos de musgo veludoso e ruas de farelo.
Aqui a matança do porco. Mais além a procissão da aldeia, a coroação do Espírito Santo, o Império e a loja do Canto da Fonte; a banda de música, o pastor e as ovelhas. Mais ao longe as mulheres junto à fonte, outras que lavam na ribeira. A igrejinha de pedra com as suas portas abertas onde o padre e o alfaiate estão de conversa; os animais no bebedouro e as pequenas ruas num arrendado de farelo e pinho.
O candeeiro iluminava a face serena do meu avô junto ao presépio. O cão beijava-lhe as mãos de seda e, o seu olhar perdia-se no intrincado das labaredas, que a lenha alimentava para a fornada de pão de milho e cavala assada.
O vento e a chuva chicoteiam o telhado. "Tu sabes que tenho medo dos céus quando se tornam infernos. Minha avó com as superstições do seu tempo afoga-me de medos. Não devo olhar para o paraíso em fúria, pois Deus pode julgar o meu descaramento e tirar-me da cara os olhos. A afronta é penalizada com a cegueira e depois como poderei ver de novo o carinho nos teus olhos, meu querido avô?
Apagas-me da alma o conflito e ensinas-me a olhar a tempestade com o temor e admiração das coisas belas. Dás-me milho assado e eu provo das tuas mãos honradas. Ensinas-me os sabores dos figos passados e deixas que prove da ‘mijinha do menino”.
Deixei de ter medo "da cara feia do tempo", porque sei que estás aqui, do meu lado com os teus silêncios em guarda, para que o Natal passe por nós no sossego dos justos.
E eu hoje aqui avô, tão longe daquele que por um breve instante foi o nosso tempo, aguardo o teu afago tranquilo e gomos de laranja frescos, que desprendes com destreza para me ofereceres. Aqui longe, somando tantos passos esquecidos e vales que as estradas engoliram, olho a nossa cozinha e os gatos a miar.
"Tás tão rosada, minha avó ao pé deste forno".
A pá enfarinhada despeja a massa redondinha. Lá vai mais um "calzinho" tia Beatriz que a noite está fria?
Minha avó permanece calada, ensopada de suor, absorta no calor que emana do forno. Tem a cara enfarinhada e pouco tempo para a conversa.
Eu e o meu avô vamos juntos à Missa do Galo para beijar os pés nus do Menino Jesus.
Feliz Natal avô Manuel. Obrigado pelas memórias que a pressa deste tempo consome o nosso retrato.