Thursday, December 20, 2007

This is the time



Time for the one
time for the ones who reach for others,
time to see silence,
nakedness of truth
the silence of me
the truth of many.
Shall we not see the bliss of time
wonder through
the silence of nothingness?

Wednesday, December 19, 2007

Neve cai em Toronto



Just as the forecasters predicted, though a bit late in arriving, Mother Nature walloped Ontario with a giant pillow of snow yesterday. It fell lightly overnight Saturday, but by Sunday morning the city was seeing near-whiteout conditions.

People walked along tire tracks in the middle of streets because sidewalks were impassable. At least one person was spotted skiing to church. By noon, thunder and lightning added a note of menace.

While most of Toronto followed officials' advice to stay home, hundreds of city workers had no choice. Many were out by 3 a.m. yesterday clearing snow from the main expressways. At 8 a.m. more crews began plowing all the roads and were to continue well into today.

"We just wish the snow would stop," said Myles Currie, a director with transportation services who was guiding the city's snow battle yesterday. "But if there's a silver lining in this snowstorm, it's that it happened on the weekend instead of a weekday when all our equipment would be bogged down in morning traffic."

In offices across the city's four districts, coordination efforts were underway. In each office, data such as weather forecasts and police accident reports were being relayed to workers in the field.

Currie says it was the worst storm since 2001. "But that wasn't as bad as this one; we got about 15 to 20 centimetres."

Toronto Star

Monday, December 17, 2007

Toronto de branco

Um cheirinho da beleza e frescura do primeiro nevão neste Domingo dia 16 de Dezembro

O Natal do meu avô - My grandfather's Christmas


O colo do meu avô era doce. O seu corpo cheirava a terra orvalhada, coentros e favas, e amendoim a estalar quente na boca do forno. O meu avô tinha sabor a massa sovada, pevides de abóbora e melancia, couve beijada pela brisa da madrugada. O meu avô exalava odores de batata nova, tabaco, amoras selvagens e uvas de Setembro.
Ele era Verão e Inverno, a amálgama diversa dos sons e emoções de cada estação. Era as festas da aldeia, a fogueira de S. João e o abraço nas noites de trovoada. O meu avô tinha o perfume dos silêncios, do amor sem fala, do carinho sem grandes palavras. E o meu avô tinha o cheiro de Natal: laranjas, tangerinas. Na minha boca e nos meus olhos as ceiras de figos, os licores de anis, o pinheiro enfeitado com os postais que vinham de longe…e o presépio, por onde as mãos enrugadas do meu avô Manuel encaminhavam a minha curiosidade por montes e vales em miniatura cobertos de musgo veludoso e ruas de farelo.
Aqui a matança do porco. Mais além a procissão da aldeia, a coroação do Espírito Santo, o Império e a loja do Canto da Fonte; a banda de música, o pastor e as ovelhas. Mais ao longe as mulheres junto à fonte, outras que lavam na ribeira. A igrejinha de pedra com as suas portas abertas onde o padre e o alfaiate estão de conversa; os animais no bebedouro e as pequenas ruas num arrendado de farelo e pinho.
O candeeiro iluminava a face serena do meu avô junto ao presépio. O cão beijava-lhe as mãos de seda e, o seu olhar perdia-se no intrincado das labaredas, que a lenha alimentava para a fornada de pão de milho e cavala assada.
O vento e a chuva chicoteiam o telhado. "Tu sabes que tenho medo dos céus quando se tornam infernos. Minha avó com as superstições do seu tempo afoga-me de medos. Não devo olhar para o paraíso em fúria, pois Deus pode julgar o meu descaramento e tirar-me da cara os olhos. A afronta é penalizada com a cegueira e depois como poderei ver de novo o carinho nos teus olhos, meu querido avô?
Apagas-me da alma o conflito e ensinas-me a olhar a tempestade com o temor e admiração das coisas belas. Dás-me milho assado e eu provo das tuas mãos honradas. Ensinas-me os sabores dos figos passados e deixas que prove da ‘mijinha do menino”.
Deixei de ter medo "da cara feia do tempo", porque sei que estás aqui, do meu lado com os teus silêncios em guarda, para que o Natal passe por nós no sossego dos justos.
E eu hoje aqui avô, tão longe daquele que por um breve instante foi o nosso tempo, aguardo o teu afago tranquilo e gomos de laranja frescos, que desprendes com destreza para me ofereceres. Aqui longe, somando tantos passos esquecidos e vales que as estradas engoliram, olho a nossa cozinha e os gatos a miar.
"Tás tão rosada, minha avó ao pé deste forno".
A pá enfarinhada despeja a massa redondinha. Lá vai mais um "calzinho" tia Beatriz que a noite está fria?
Minha avó permanece calada, ensopada de suor, absorta no calor que emana do forno. Tem a cara enfarinhada e pouco tempo para a conversa.
Eu e o meu avô vamos juntos à Missa do Galo para beijar os pés nus do Menino Jesus.
Feliz Natal avô Manuel. Obrigado pelas memórias que a pressa deste tempo consome o nosso retrato.

Monday, November 12, 2007

O centralismo ainda continua vivo




Os tempos eram de uma doçura quente em que as tardes fluiam nas noites com a mesma ternura do velho que “coçava’ a terra para a tornar veludosa e fértil. As mãos dos nossos avós ostentavam os calos do sacho e os pés a sola natural de quem desde menino só conheceu sapatos para tomar a primeira comunhão. A terra pertencia ao senhorio que enriquecia às custas do trabalho árduo do rendeiro, que aproveitava cada milímetro de terra suada para fazê-la prenhe.
Os “meninos” do senhor das terras iam estudar para o continente, aquele lugar distante que tudo pedia da ínsula, mas nada dava em troca. E os mesmos “meninos”, depois doutores regressavam ao calor do lar para dos seus domínios e varandas olhar os vinhateiros, os homens “que davam os dias”, as mulheres que apanhavam do chão a fruta caída escondendo alguma para levar para casa, porque nem a fruta do chão o senhor permitia aos filhos dos pobres. A cada encontro na rua, o homem descalço de sacho ao ombro vergava-se à passagem do patrão, tirando o chapéu em sinal de subserviência e medo. Assim era a relação do ilhéu para com a nação distante. E esta atitude de servilismo imposto era alimentado pelas atitudes despóticas do estado-nação e dos seus intelectuais. Assim o tinha sido desde o tempo das capitanias, dos ataques da pirataria - que levou o grupo ocidental a pactuar com piratas como forma de sobrevivência, dado o completo abandono a que tinha sido votado pelas autoridades centrais. Assim continuou durante a era dos distritos, das ilhas adjacentes. Os arquipélagos não passavam de um pendão de oiro ao pescoço dos iluminados centralistas, que decidiam do centro sem nunca terem posto os pés nos arquipélagos. Enquanto as crianças açorianas e madeirenses eram obrigadas a decorar os nomes das cidades, capitais, rios e vales, monumentos e chefes de estado, ainda em finais da década de 70 jovens estudantes lisboetas acreditavam que se ia a pé de S. Miguel a Santa Maria durante a maré vazia. A autonomia veio valorizar a consciência açoriana e o nosso papel dentro do estado democrático português. Todavia, passados que são já 30 anos do 25 de Abril ainda há quem tenha receios da açorianidade.

Monday, November 05, 2007

...sabe bem abraçar amigos!!!It feels good to hold your friends!!!

Há dias em que as asas nos trazem o calor de quem ficou na terra que nunca deixamos. Estes dias são mornos e doces, como as tardes em que o meu avô descansava à sombra da laranjeira, após o almoço reconfortante, que lhe levávamos em cada meio-dia velho da infância.

Grupo Vasconcelos apoia Casa dos Açores





A única empresa regional que já apoiou a aquisição das novas instalações e as obras de beneficiação da nova sede da Casa dos Açores no Ontário foi o Grupo Vasconcelos, que assim alia o seu nome ao primeiro grupo de “Silver Sponsors”, que contribuem para esta obra açoriana.
“Esta foi uma decisão natural da parte do grupo, que decorre do nosso desejo de expansão junto da comunidade. Existem actualmente nos Acores muitos apoios, nomeadamente nos projectos a custos controlados que podem beneficiar os luso-descendentes”, afirmou em Toronto a directora de marketing Sandra Santos, que se deslocou ao Canadá chefiando a representação do Grupo Vasconcelos que participou e financiou o jantar de gala e ofereceu à instituição um cheque de cinco mil dólares, que foi entregue no Domingo ao presidente da assembleia geral, João Botelho de Sousa. “ É para nós um grande prazer estarmos aqui nesta data significativa, que diz muito a todos os açorianos, e contribuir no sentido de valorizar uma instituição responsável pela preservação dos valores culturais insulares” disse ainda Sandra Santos. O grupo (Madeira/Açores) desenvolve a sua actividade no “sector imobiliário, nos ramos da promoção imobiliária, construção civil, turismo e residências assistidas,” com importantes projectos já levados a cabo a custos controlados, condomínios privados, turismo residencial entre outros. O Grupo, que vai nos eu sétimo ano de existência foi fundado na Madeira por dois irmãos Hélder Vasconcelos e Engº Rafael Vasconcelos. “Actualmente projectamos expandir em África e junto dos imigrantes em Ontário.
Humberta Araujo

Os melhores açorianos do Canadá deverão ser, por isso, os melhores canadianos do Canadá”



Humberta Araújo
CorreioCanadiano/NoveIlhas

“Uma impressionante manifestação” de unidade açoriana. Palavras de Carlos César que emocionado neste jantar de gala recebeu as chaves da nova casa, “prova do trabalho e abnegação de quem deixou a terra” e pretende continuar a cultura dos Açores no Canadá.
A adesão ao jantar, que reuniu no Pearson Convention Centre cerca de mil pessoas, na sua esmagadora maioria oriundas dos Açores, foi prova da importância que as gentes das ilhas dão a este projecto, para o qual o presidente apelou à união constante de todos para que o projecto glorifique o trabalho e a cultura das ilhas nestas paragens.
Neste sentido, Carlos César deixou claro que são momentos como estes que estimulam a unidade açoriana e significam a “vitória da persistência, sendo importante pensar que a união não é apenas uma forma de celebração das vitórias, mas também uma forma de preparar novas vitórias.”
Num discurso comovido, o presidente do executivo açoriano realçou o valor da afirmação dos açorianos no mundo, que por toda a diáspora têm mostrado como é possível, apesar das dificuldades, desbravar caminho e honrar a terra dos seus antepassados. Para Carlos César o caminho da afirmação açoriana é conseguido pela “competência, trabalho qualificado, influência e da nossa capacidade de sermos empreendedores, da nossa capacidade de sermos uma força empresarial de ideias e de negócios e de sermos os melhores nas comunidades onde estamos. Os melhores açorianos do Canadá deverão ser, por isso, os melhores canadianos do Canadá”. Uma afirmação que levou a sala ao rubro.
Este é também o caminho certo para que aqueles que deixaram as ilhas homenageiem a terra de origem, terra que ao contrário do passado” não precisa de ver os seus partir, “graças ao nível de desenvolvimento a que chegaram e que vai sendo reconhecido, não só pelos próprios emigrantes, mas também por entidades de prestígio internacional.”
As cerimónias da noite iniciaram-se com palavras de boas vindas do presidente da assembleia geral e benção pelo padre António do Rego. Um dos momentos altos da noite surgiu aquando do anúncio de uma oferta de 50 mil dólares pela LIUNA – Sindicato 183. Durval Terceira, gestor daquele sindicato e natural da ilha de S. Miguel, em representação das centenas de trabalhadores açorianos da construção civil, aliou deste modo o seu esforço a este projecto.
Carlos Botelho, presidente do executivo não escondeu a emoção, ao constatar o apoio directo e indirecto de todos. Numa manifestação de apreço, agraciou Carlos César com o Açor de Ouro e a Ordem de Mérito. Honras estendidas ao primeiro-ministro da província Dalton McGuinty, novo Ministro do Turismo português Peter Fonseca, e ao deputado Mike Colle, em reconhecimento pelo a apoio dado à casa açoriana.
A comitiva da região incluiu ainda o secretário regional da Economia, Duarte Ponte, a directora Regional das Comunidades Alzira Silva, o presidente da câmara municipal de Vila Franca do Campo Rui Melo, e representantes do Grupo Vasconcelos, a única empresa regional que apoiou a nova CAO.

Uma "Casa" para todos
Em tempo recorde e para receber as pessoas que quiseram acompanhar a inauguração das novas instalações da Casa dos Açores, as portas abriram-se no Domingo dando rosto a um projecto por muitos acalentado, e que abre novas perspectivas à união açoriana em Toronto.
Ao descerrar uma placa comemorativa do acontecimento, Carlos César tinha oportunidade de ver in loco o projecto que a região autónoma está também a financiar. Com pompa e circunstância, uma área entre Dufferin e a nova casa esteve encerrada para dar lugar à banda filarmónica e às centenas de curiosos que se juntaram aos convidados para visitar as instalações. Depois das boas vindas e bênção pelo padre Rego, o presidente da assembleia-geral explicou aos presentes o espírito que move esta nova casa. Um espírito de abertura “onde há lugar para todos e onde esperamos que os clubes de origem açoriana sigam o exemplo do Operário”, que já instalou a sua sede no novo edifício. Para João Botelho “não se pretende retirar a individualidade de cada clube, mas sim proporcionar um local onde todas as particularidades açorianas se possam encontrar e reunir.”
João Botelho, emocionado com a avalancha de pessoas que assistiu a esta cerimónia, deu as boas vindas aos presentes referindo que a casa necessita de mobília “ e que ela é feita pelas pessoas para quem as portas estão abertas. Façam-se sócios desta casa, regressem a ela para que seja uma instituição viva.” Um apelo também deixado pelo presidente do governo açoriano que vê na instituição um local onde os açorianos podem mostrar o seu peso. “A comunidade portuguesa e a comunidade açoriana em especial devem constituir-se como verdadeiros parceiros sociais no diálogo com as instituições políticas canadianas e, também, com o governo regional dos Açores. A viabilização do espaço passará pela sua utilização reunindo associações por forma a “creditar a Casa dos Açores do Ontário como um parceiro institucional junto da comunidade política canadiana”, disse Carlos César. A região autónoma, no sentido de apoiar também a viabilização da estrutura anunciou que vai instalar na CAO um posto da Rede de Informação do Governo regional dos Açores.
Nesta cerimónia de inauguração para além da comitiva açoriana assistiram diversas individualidades locais e dos Estados Unidos, assim como o Embaixador de Portugal no Canadá, João Pedro da Silveira Carvalho. Antes da partida para os Açores, Carlos César ofereceu ao presidente da CAO uma placa em estanho com o brasão da Região Autónoma dos Açores.
Após esta cerimónia iniciaram-se os trabalhos da X Semana Cultural da Casa dos Açores, que animam a instituição durante os próximos dias.

Monday, October 22, 2007

Telenovelas afastam portugueses do programa de governo em Toronto




O “discurso do trono” – mais conhecido em Portugal por apresentação do programa de governo - pacientemente lido pela Governadora Geral Michaëlle Jean passou ao lado de uma grande maioria de portugueses. Esperado com alguma expectativa pelos membros mais politizados da comunidade, pouco ou nada disse ao comum do cidadão de língua portuguesa



Quando os políticos lusos apelam cada vez mais à participação activa dos lusos na vida pública do pais, deparámo-nos – particularmente no que diz respeito ao discurso do trono do primeiro ministro do Canada – com o facto de muitos portugueses não entenderem bem o que estava em causa, prestando por isso pouca atenção a um momento televisivo, que chamou a atenção de muitos canadianos. A possibilidade de um novo acto eleitoral antecipado de Stéphane Dion (agora posto de parte pela estratégia do liberal), que levaria novamente à estrada os políticos do Ontário, ainda a digerir os resultados de um sufrágio de há duas semanas, deixou muita gente na comunidade apática. Para além da apatia, a jornalista deparou-se também com um certo desconforto por parte dos entrevistados, que preferem não falar sobre politica, atitude reminiscente talvez de um Portugal do passado, que obrigou muitos dos que aqui vivem ao silencio, e hoje apreensivos quanto a esta coisa de democracia e liberdade de expressão. Mesmo assim Vicente Graciano não teve palavras a medir ao dizer que não prestou atenção ao discurso porque “desconfia”dos políticos. “Não tenho nada a dizer porque eles não fazem nada. Sabe, os políticos são como as religiões. Cada uma é que está certo, mas no fim estão todos certos. Os políticos são a mesma coisa. Eu ouço eles falarem muito mas não fazem quase nada.”Mesmo assim, Vicente Graciano foi explicito ao considerar que o primeiro ministro no seu discurso deixou de fora os pobres.
Opinião comungada por outras pessoas que entrevistamos e que preferiram não dar o seu nome. As dificuldades de uma vida de trabalho levou a que um grupo de amigas que encontramos ao principio da tarde a gozar um pouco de descanso nos mostrasse até que ponto, a politica e o discurso do trono passou ao lado de uma grande maioria de trabalhadores portugueses. Eu não vi o discurso porque a gente se meteu a ver as telenovelas e, eu não sigo estas coisas da política, porque eu não sei falar inglês. Às vezes eu leio os jornais portugueses, quando eles têm coisas que me interessam.”
Maria dos Santos também nunca votou “porque não sou canadiana”. Uma realidade comungada pelas outras três amigas. “Eu estou a pensar resolver esta situação agora, porque disseram-me que a partir dos 55 anos não e preciso saber falar inglês e não se paga nada. “
Natália não quer saber de políticos porque “eles só ajudam os ricos e nunca os pobres.” A língua tem sido um dos principais factores de alheação às questões políticas por parte de muitos imigrantes. “Viemos para aqui foi para trabalhar para ganhar alguma coisa. Não havia tempo para ir para a escola e eu sempre trabalhei com pessoas portuguesas e por isso sei muito pouco”, realçou Maria dos Santos, que contou com a concordância das outras amigas. “É sempre bom que a gente aprenda um pouco de tudo. Mas foi assim a nossa vida, e agora já é tarde.”

“Eu não vi o discurso porque a gente se meteu a ver as telenovelas”

No Canada desde a década de 50 João Correia é um cidadão interessado pela política canadiana. Ao discurso do primeiro-ministro não deu, porém, muita atenção. Nos actos eleitorais tem exercido o seu direito de voto. Segundo João Correia o partido Conservador não esta a governar muito mal.” Todavia, eleições neste momento poderiam dar uma maioria ao partido Conservador “e isto então seria ruim. Eu já estou aqui há muitos anos e acompanhei outros governos conservadores de John Diefenbaker, muito esperto para falar. Não governou muito mal, mas deu segredos militares aos americanos. O Joe Clark, também não chegou a fazer nada, e o Brian Mulroney, deixou isso tudo na banca rota. O que fez de bom foi o Trade Agreement.”

Monday, October 15, 2007



As azedas da Liberdade

A nossa liberdade era como as azedas. E quem não as conhece povoando os pastos no início da Primavera? Assim éramos nós, quando as horas não tinham minutos, e corríamos bebendo a brisa. De um lado os altos muros de lava, colhida pedra a pedra, montados como um puzzle, para adornar a tela e dividir a posse do senhorio; do outro, o mar verde de seda beijado pelo fôlego quente da tarde. Quando a Maria de Jesus dava o toque de partida, o coração galopava como um cavalo selvagem. Era a aventura de uma vida. Desobedecer e tomar os atalhos. Perdermo-nos na euforia de uma aventura.
Ao lado da Escola dos Centenários ficavam a perder de vista os pastos, até ao mar. Lá ao fundo sabíamos que a Canada Maria do Céu nos esperava, tranquila, com o alambique do Xico Brandão, as selhas e pipas, as tranças de tabaco, os figos de figueira, as cabras de “vavô”, e o aroma das fornalhas recebendo ao final da tarde os frutos da terra.
A Maria do Céu era o nosso destino. O fim da correria louca, para não chegarmos a casa fora do tempo, e apanhar uma vassourada injusta. Os rapazes brincavam à bola ou com o aro de ferro das pipas, descalços com uma côdea de pão de milho no canto da boca.
E as azedas selvagens.
Com o coração na boca parávamos para as apanhar e chupar-lhes o caule, até ficarem em nada. Não sei porquê tal ritual de infância. Sugar o sangue das azedas. O suco atroz, ácido sorvido em ritual de passagem. Acreditei que a Canada estava mesmo ali. Deixei de sentir as pernas. Voámos de excitação e medo. E se nos perdêssemos? E se a Maria de Jesus se enganasse nas cordenadas? E se as azedas fossem veneno? E se a noite chegasse e nos tomasse? Mas a Canada Maria do Céu descobriu-se aos poucos. A doçura branca da cal das casas, o miar do gato, as cuecas do tio Xico no estendal. Estava salva. E para sempre as azedas…
Humberta Araújo

Azorean government gives money to azorean association


Carlos César promete
350 mil euros para a Casa dos Açores


A região autónoma dos Açores vai apoiar financeiramente a Casa dos Açores do Ontário. A ajuda é da ordem dos 350 mil euros que chegam com a visita de Carlos César, que vem assistir à Semana Cultural e à inauguração da sede e Novembro

Após vários anos de espera, a Casa dos Açores do Ontário vai abrir as suas portas em sede própria num edifício adquirido recentemente e que custou 1,8 milhões de dólares. Com um apoio do governo da província do Ontário de meio milhão de dólares, as portas abrem-se agora para uma nova era nesta instituição açoriana. Tudo a postos para inauguração das instalações próprias da Casa dos Açores do Ontário. Uma inauguração que coincide com a Semana Cultural Açoriana e com a vinda do Presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César. O presidente, que vai estar em Toronto dias 3 e 4 de Novembro tratá também consigo o apoio financeiro prometido pela região autónoma. A ajuda dos Açores é da ordem dos 350 mil euros, que serão repartidos por dois anos.
A notícia foi confirmada ao Correio Canadiano / Nove Ilhas pelo presidente da direcção, Carlos Botelho.
A Semana Cultural vai igualmente servir de palco para transmissão do programa televisivo Atlântida. Recorde-se que a nova sede da Casa dos Açores do Ontário está localizada no 1142 rua College W, no coração da comunidade portuguesa em Toronto. A ideia de uma casa própria há muitos anos que amadurecia no seio da comunidade. A direcção actual levou a peito este objectivo para dar resposta às necessidades do elevado número de organismos associativos oriundos das ilhas nesta província.
As obras de melhoramento, que se iniciaram em Agosto com grande apoio de voluntários, estarão concluídas a tempo da Semana Cultural. O imóvel vai permitir serviços de bar/restaurante, Centro de Atendimento ao Cidadão, duas salas de aula, biblioteca, cinco escritórios para grupos, uma sala de reunião e outra de convívio para os idosos e salão de festas na parte superior com acesso a um elevador.

Immigration Museums - Azores/Canada


Cooperação entre instituições
Galeria dos Pioneiros e Museu da Ribeira Grande


Recolher a memória da emigração é uma responsabilidade da comunidade portuguesa. A pouco e pouco passos vão sendo dados neste sentido. Um deles é o protocolo foi assinado entre a Câmara Municipal da Ribeira Grande, ilha de S, Miguel e a Galeria dos pioneiros em Toronto no passado mês de Agosto


Uma nova fase de cooperação pode vir a ser uma realidade após a visita do presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande à Galeria dos Pioneiros, em Toronto. Após protocolos de cooperação recentemente assinados entre a Direcção Reginal das Comunidades dos Acores e a instituição canadiana, a deslocação de Ricardo Silva culmina uma série de contactos entre os museus para que seja desenvolvido um trabalho conjunto mais alargado.
A Ribeira Grande, concelho de onde sairam muitos imigrantes para o Canadá é a entidade responsável pla gestão do Museu, o único do gênero na região. Esta instituição, que está a dar os primeiros passos, possui já espaço e um apreciável espólio oferecido por imigrantes e suas famílias.
A coincidir com a visita de Ricardo Silva estará patente na Galeria dos Pioneiros uma colecção de fotos da primeira emigração de 1954, que depois seguirá para Montreal e Hamilton. A colecção vai ser depois doada ao Museu da Ribeira Grande. O presidente daquele Câmara micaelense visita Toronto nos dias 16 e 17 de Agosto para assinar um protocolo entre a Galeria dos Pioneiros de Toronto e o Museu de Emigração Açoreana. Aproveitando esta deslocação ao Ontário, Ricardo Silva vai encetar contactos com a comunidade Ribeira Grande aqui residente. O recuperar da memória da emigração para o Ontário é cada vez mais premente, uma vez que muitos dos pioneiros deste movimento, cumprindo o ciclo natural da vida, vão deixando o mundo dos vivos e com o seu desaparecimento vai-se também muitos aspectos que podem ser ainda desconhecidos. Os artefactos e a memória das histórias são aspectos de especial importância para a riqueza museológica relacionada com a emigração.
CC/NI

GENTES DO SEU TEMPO


Nem sempre as estórias nos passam pela porta. Ao lado talvez, pelas esquinas e janelas entreabertas – um sussurro – de quando em vez. São gentes, que vieram antes da história começar a paginar-se lenta e precisa. Nesta senda, Toronto fez-se Arca de Noé, oasis para os sonhos, nem sempre esculpidos de certeza. Mas a História cumpre-se através da intrínsica capacidade humana de projectar a utopia. Assm somos nós as lusas, que reorganizando o universo feminino tradicional, vão expandino a quimera, rumo ao universo das realizações humanas.
No silêncio de cada lar, a mulher portuguesa foi condensando nomes e estórias numa luta que fica sepultada no anonimato. Com a lacra do silêncio, as suas vitórias foram-se consumindo na nudez das palavras por falta de tempo. Aqui e ali algumas ressuscitam dos passados recentes, para iluminar os atalhos das nossas vivências. Melba Dias Costa, não faz parte do meu universo geográfico de infância, mas penetrou no meu dia, com a serenidade de um ser, que cumpriu a sua estória tornando mais rica a História das mulheres lusas nesta província. África talhou o indivíduo, como o vulcão esculpiu a ilha. O continente quente das savanas rasgou no africano a identidade, como o mar a perder de vista selou o destino do ilhéu. Uma rota extradordinária na vida da primeira mulher médica portuguesa na comunidade. Filha de Moçambique, conheceu Portugal, França, Angola, Estados Unidos e Canadá. Trabalhou na Organização Mundial de Saúde, foi galardoada com a Comenda da Ordem de Mérito, trabalhou com um dos grandes nomes da oncologia portuguesa Gentil Martins e, dedicou parte da sua vida à comunidade portuguesa de Toronto. Na década de 40, altura da sua formatura pela Faculdade de Medicina de Lisboa Melba, a mulher, a africana, a progressista conheceu os preconceitos de um país conservador e fascista como o português. Foi mesmo vigiada pela polícia portuguesa do regime: a PIDE. Como escreveu o seu filho: ”Ela desafiou as expectativas sociais para as mulheres do seu tempo, em busca de objectivos profissionais, ao invés de se confinar à vida do lar. Partiu sozinha para os Estados Unidos, e mais tarde para o Canadá, abrindo caminho para que a sua família a seguisse anos mais tarde”. A médica Melba Dias Costa é um exemplo a seguir pelas jovens luso-canadianas. Um exemplo reconhecido pela imigração canadiana que destacou o seu nome no Museu Pier 21, em Halifax.

Famílias lusas com apoio para ajudar filhos na escola

A necessidade do envolvimento das famílias imigrantes portuguesas nas actividades escolares dos seus filhos/as há muito que vem sendo debatido na comunidade portuguesa em Toronto

Um debate que tem envolvido professores, responsáveis escolares, estudantes e famílias. Agora o Congresso Nacional Luso-Canadiano anunciou o lançamento de um projecto para ajudar as famílias lusas no apoio ao sucesso escolar na família. O projecto intitulado “Pais Para o Sucesso de Estudantes ” vai ter a duração de
seis meses e conta com o financiamento do Fundo de Ajuda aos pais do Ministério da Educação. Na base deste apoio está o entendimento de que é necessário “trabalhar a capacidade dos pais luso-canadianos em se envolverem mais na educação dos filhos.”

Segundo Ana Fernandes, presidente da Rede de Educadores Luso-Canadianos, “a preparação e o envolvimento dos pais é a chave para o melhoramento dos desafios académicos desta comunidade. Temos que encorajar e preparar oportunidades relevantes para que mais pais se possam envolver activamente na educação dos filhos”.

Em colaboração com as comunidades luso-canadianas de Hamilton, Kitchener-Waterloo e Toronto, as componentes principais do projecto “Pais para os sucessos dos estudantes” incluem a implementação de uma sondagem sobre as áreas em que os pais sentem dificuldades, o desenvolvimento e a tradução de recursos educativos úteis, assim como a organização de oficinas de trabalho e sessões de treino nas comunidades participantes. As oficinas de trabalho terão lugar no final do Verão e no início do Outono e vão incorporar uma componente teatral.

Tal como o presidente do Congresso, Emanuel Linhares, afirmou, “o Congresso está feliz por lançar esta nova iniciativa para alertar para a importância do envolvimento paternal na educação das crianças. Ao centrarmos a nossa atenção nos pais luso-canadianos para que se tornem mais activos na educação dos filhos, estamos a preparar a base para um melhor aproveitamento escolar. Esperamos poder implementar o projecto com muito sucesso e poder trabalhar com as comunidades que nele estão envolvidas”.

Criado em 1993, o Congresso é uma organização nacional que representa cerca de 400 mil Canadianos de origem portuguesa. O Congresso trata de assuntos que afectam a comunidade luso-canadiana através de uma rêde de 35 Directores, Delegados e representantes locais em todo o país. O Congresso desenvolve e implementa projectos que visam responder às necessidades comunitárias. Projectos actualmente em curso incluem: Projecto Força, Projecto Viva! Saúde, e Pais Para o Sucesso de Estudantes.

Regresso


Após muitos meses de silêncio, regresso com o Outono para ligar esta américa com as ilhas que um dia foram casa e hoje são lar de memórias!