Tuesday, March 21, 2006

Emigrantes a repatriar já este fim-de-semana em voos charter

Antes das eleições federais do passado mês de Janeiro desejei boa sorte a um português conservador. Na altura fiz algumas considerações sobre o impacto que teria um voto conservador para os imigrantes neste país. Mas como eu sou uma daquelas pessoas que para acreditar necessita de ver, senti que o mais honesto a fazer seria esperar para ver. Não tive que esperar muito, como se vê. O que estamos nestes dias a presenciar excede as minhas mais pessimistas expectativas. Nunca pensei que um governo Conservador fosse tão negativo para a comunidade portuguesa. Mas aqui estamos, preparando as nossas malas com anos de trabalho no duro, com filhos e filhas já adaptados à sociedade canadiana e desejando fazer parte deste país esperando a chegada dos aviões fretados pelo governo para os levar em desgraça para os Acóres e Continente. Começam a partir já este fim-de-semana. Cerca de 15 mil se encontra em situação de trabalhadores ilegais na sua maioria concentrados na construção civil.
Portugal Continental e os Açores têm nos últimos anos recebido centenas de repatriados. Estes foram ou são de segunda geração de emigrantes que enveredaram pela delinquência e crime grave e que nunca se tornaram cidadãos canadianos. As suas histórias os açorianos as conhecem bem. A história da emigração açoriana inicia-se em 53 e não valerá a pena repeti-la aqui. Estamos em 2006e a situação é a seguinte: o Canadá exportou os frutos estragados da primeira geração de imigrantes e agora deporta trabalhadores que nos últimos anos têm dado a este país aquilo que ele não tem. Algumas famílias tiveram já filhos aqui; outros têm filhos e filhas nas escolas e adaptados ou a trabalhar. Não quero aqui dizer que a ilegalidade deva passar. Todavia nestes casos – alguns com 5 ou 10 anos – parece-me que estes ilegais já pagaram o suficiente com o medo e a incerteza destes últimos anos. O governo do Canadá tem afirmado que necessita de mais imigrantes. A população está a envelhecer. Então qual a necessidade de enviar estes homens e mulheres que criaram já raízes neste país, que não possuem qualquer registo criminal e que já sabem os cantos à casa?
Estará este governo tentando livrar-se de ilegais portuguses e outros em dúvida só para dizer aos canadianos que o país está livre de ilegais e preparado para receber mais imigrantes, muitos sem formação ou experiência nas áreas deixadas livres pelos portugueses, nomeadamente a construção civil? E o que têm agora a dizer alguns conservadores portugueses? Será que no meio deles não estarão, quem sabe, alguns que passaram pelo mesmo no passado?
O que vai ser destes jovens que já criaram raízes neste país e que poderiam participar com o seu saber e formação profissional para um futuro digno deste país e assim responder á falta de trabalhadores especializados que o país tanto necessita. Tenho uma ideia da vida difícil que os espera no regresso. As ilhas terão concerteza alguma dificuldade em responder aos anseios desta nova geração de repatriados. Esperemos que o Governo Federal olhe para esta situação com outros olhos.

Humberta Araújo

PORTUGUESE WORKERS
THE DAY AFTER

Before the federal elections, I wished good luck to a Portuguese Conservative voter. At the same time, I pointed out why I felt that a conservative vote could be damaging to immigrants in this country. But since I am one of those souls who needs to see to believe, I felt that the most honorable thing to do was to wait and see. I didn't’t have to wait much. What I am witnessing is beyond my more pessimistic expectactions. I never thought that a Federal Government could be so damaging to the Portuguese community. But here we are. Preparing our suitcases with years of hard work, sons and daughters adapted to Canadian society, willing to contribute to Canada, waiting to board charter planes to face their first home in disgrace. The Continental Portugal, and the archipelago of Açores have been receiving for more than 10 years hundreds of deportees, the greatest number sent back to Azores. These were/are often second generation Portuguese, who have had delinquent and criminal behavior in Canadaá, and who never adopted the canadian citizenship. Let us remember a small page of Portuguese-Canadian history in Canada: In 1954 after an experiment with 18 men from the islands of Azores one year earlier, the Canadian government decided that they were excellent workers. As such they were given permission to stay. They must have been a very good experiment because just a year after almost 1000 left the islands. The government at the time was very humane towards the Portuguese, and quickly understood the need to reunite the families. Soon - 55/56 - married men were able to get united with wives and children. This is 2006, and here we are: exporting the the rotten fruits from the first generation of Portuguese, and now hard working people who have been giving this country what it lacks. Some of them have had children born here: others have sons and daughters integrated in high schools or working. Well, I am not saying that illegality is to be blessed. What I would like to convene is that these people have already understood, by fear and uncertainty, that what they did was not the best for their lives. The government has said that Canada needs more immigrants. The populations is growing older. So why send back those who have created roots in Canada, have no criminal record, and know their way around? Is this government trying to free itself from Portuguese, and presumably others, just to tell Canadians that the country is free of illegal people, and now is ready to open its doors to new immigrants, some unskilled, with no knowledge of Canadian life and labor? What do the Portuguese conservatives have to say now? Have none of them, some time in the past, lived through the anguish and fear of repatriation?
My heart goes to these people, and particularly to the young who could have become proud Canadians able to respond, at some extent, to the need of skilled labor in Canada. I am a Canadian citizen. My parents were unskilled workers who served with honesty this country. I know the hard times ahead for those who are now deported. The islands will most certainly not be able to respond to this new wave of deportees. Lets hope that the Conservative Government reconsiders, and shows more intelligence in this matter. We know that the law has not changed since the Liberals. But the will, yes.
Humberta Araujo

Deputado Mário Silva pede a Ministro fim dos repatriamentos

Com as notícias em primeira página publicadas em jornais canadianos anunciando a saída de ilegais portugueses, a comunidade começa a tomar consciência da dimensão do problema. A posição do deputado federal Mário Silva foi já dada a conhecer so Ministro
Toronto, Março 21, 2006 - O Deputado Federal Mário Silva, pelo Cículo de Davenport, convidou o Ministro Conservador da Cidadania e Imigração a parar a remoção do Canadá de trabalhadores sem documentação.

"Esta directriz arbitrária orientadora da política do Ministro Conservador da Cidadania e Imigração é áspera, injusta e mostra uma falta completa de compaixão.” Disse Mário Silva

O Governo conservador iníciou ao seu termo demonstrando que, não só mostra grande falta de compaixão, assim como ao executar esta política, falha totalmente em compreender o impacto que a mesma resultará na indústria do sector da construção. O Ministro descreveu em relatórios para a media que este assunto é um de "baixa-prioridade."

"Como o Ministro pode dizer que este assunto é de "baixa-prioridade" é simplesmente inconcebivel, quando consideramos o impacto que terá em famílias, em indivíduos e na economia da grande área de Toronto." Continuou Mário Silva.

Há 15.000 ou mais trabalhadores sem documentação dentro do sector da construção e, ambos, a união laboral e managemento de trabalho indicaram claramente que a remoção destes trabalhadores teria um impacto devastador na indústria.

"Depois de uma completa consideração a este delicado problema, o Governo Liberal precedente tinha apresentado uma proposta a esta solução. E agora o Governo Conservador decide ignorar esta proposta e pressioná-la para a frente de uma maneira arbitrária e desumana," Salientou Mário Silva


O Membro do Parlamento da área de Toronto escreveu ao Ministro pedindo que ele revertesse este plano de acção e, em lugar dele, agir na proposta que o precedente Governo Liberal tinha preparado. (A cópia da carta segue com este comunicado de imprensa).

"Ministro acredite que a sua decisão vai afectar de um modo adverso as vidas destas pessoas que compraram casas, e fizeram uma vida no Canadá para eles e suas familias… terá também… um impacto negativo na economia desta região,” Escreveu Mário Silva na sua carta dirigida ao Ministro.

Mário Silva assegurou ao Ministro que continuará a perseguir esta matéria em cada oportunidade, dentro, e fora da Camara dos Comuns.
March 21, 2006


Honourable Monte Solberg
Minister of Citizenship and
Immigration
365 Laurier Avenue West
Jean Edmonds South Tower
21st Floor
Ottawa, Ontario
K1A 1L1

Dear Mr. Solberg:

I am writing with respect to your decision to arbitrarily and without notice commence to remove from Canada literally thousands of workers who have established themselves in Canada as law-abiding, hard-working and responsible residents of this country.

As you may know the issue of undocumented workers was close to resolution under the previous Liberal Government and your predecessor as minister had already prepared the necessary documentation needed to go before cabinet with his proposal.

Allow me to be as succinct as possible. The thousands of undocumented workers in the Greater Toronto Area alone are taxpayers who have worked hard to build better lives for themselves and their families. In particular, their labour within the construction trades has not only been welcome but absolutely essential to the ability of this sector of the economy to meet the demands of this industry in the Greater Toronto Area.

By your decision to remove from Canada these essential workers you are not only adversely affecting the lives of these workers and their families but also the industries in which they are employed. This is not a matter of undocumented workers taking the jobs of others residing in Canada. There is simply not the labour pool necessary to support this industry without these workers. I invite you to inquire about this fact from any union representative or industry stakeholder. Clearly, you have not done so or the sheer folly of your decisions would be readily apparent.

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You should also know that the impact of your decisions upon these workers and their families is also felt at a level beyond the material. These are families with children enrolled in Canadian schools who have made this country their home. In undertaking this arbitrary action you are causing great pain and hardship to these workers and their families.

The zeal with which you and your government have implemented this policy of removal is really quite appalling and totally inconsistent with Canadian values of compassion and inclusiveness. Indeed, the website of your ministry has already posted a notice with respect to this issue and in so doing reflects your apparent unyielding dedication to your approach to this issue.

These are families that contribute to the betterment of the communities in which they live. They pay taxes, attend school and participate within their respective communities.

A proposal to resolve the issue of undocumented workers was readily available to you when you assumed office. After a long period of deep reflection, consultation and review a compassionate and practical solution was in place for implementation. You have ignored this solution and taken immeasurable steps backward.

Minister, make no mistake, your decision will adversely affect the lives of these people who have bought homes and made lives for themselves and their families in Canada. It will also, as noted, negatively impact the economy of this region.

I urge you in the strongest possible terms to reconsider this misguided, harsh and completely unnecessary policy decision.

I look forward to hearing from you promptly and assure you that I will continue to pursue this matter with vigour and resolve.

Yours truly,
Mario Silva
Member of Parliament
for Davenport

Sunday, March 05, 2006

Mãe que ficaste guarda-me o mundo...


Mãe que ficaste guarda-me o mundo…

Humberta Araújo

Doces foram os nossos contados dias,
Os trigais doirados a perder de vista.
Ternos e meigos eram os teus beijos,
Nas noites das nossas caladas vidas.

Mas o dia veio tirar da fome fria
Os nossos corpos vazios de nada
Deixas-te a casa, o peito, o porto
Perduramos na pergunta calada.
Filhas ficamos de mães angustiadas
Nas nossas casas, cartas, branca espuma
Saudades de um tempo absorto
Entre a ribeira, o forno, a igreja.
Um dia a carta de chamada,
um arrocho na alma profundo,
os adeuses, a terra, uma mala de prantos
fomos cegas de olhos de bruma.
Num enlace de xailes com cheiro de ilha
embarcamos num pássaro de cartas
Choramos em terra alheia
Falamos numa língua sem fado.

Mãe que esta nova terra tem seios fartos
Úteros que brotam promessas sem fundo.
Mãe que ficas onde os horizontes são parcos
Guarda-me uma broa, uma ribeira, o mundo!

Sonnet


Dawn has come to my cabin in distress
For my love has gone with no single kiss.
My flesh still tinted with his sweet caress
Holds tears, a scar, a road to sure abyss.

Long has his name hunted my fabless nights
And his voice awakened obscure notions.
Strangled I sing ballads of gentle knights
And wait for word on his secret motions.

No sign has God sent from the sky above
Or the Devil from the black caves of Hell,
But from the sea comes in haste a pure dove
With sweet news on a sheet of brocatel.

For all of my heart’s true worries and pains
Came a sign, a oath, a bag of true gains.
Humberta Araújo

Thursday, March 02, 2006

The morning after...


The morning after when I opened the window I remembered that once we both looked at dawn with delight. My body naked trembled by the sight of your talented hands...my love...my love...will we ever love that sweet? Wait for me with delight because in your mouth I will render my passion, in your arms my worries and sorrows. Your kisses, sweet semen of Heaven, wait, for my longing is patient of your tender desire. Stay by the fire, holding dreams in your heart. Long the wait has been, my sweet love, but soon the gate will open and the ocean will appease this great thunder.
I shall for ever write these words in blood, the ink of everlasting. In white sheets of ocean foam I draw the tale of lovers dwelling in eartly sorrows. For the gods have witnessed the true faith of love, and pleased they held a place of bliss for those who taste its savours.

HUMBERTA ARAUJO

A little token in antecipation of Women's Day. I hope, if you are in Toronto, you can visit the photo exhibition I am preparting at the Portuguese Consulate on Women and Emigration. To all of you men out there, don't forget the ones who have loved, and who have helped you through difiicult times.


A Cônsul-Geral de Portugal em Toronto
Drª Maria Amélia Paiva

tem o prazer de convidar V.Exª para uma sessão comemorativa
do Dia Internacional das Mulheres subordinada ao tema


“Testemunhos de Mulheres Emigrantes Portuguesas”


na

Galeria Almada Negreiros
Consulado-Geral de Portugal em Toronto
438 University Avenue, 14º andar

Terça-feira, dia 7 de Março de 2006, das 17:30 às 19:30 horas

The Consul General of Portugal in Toronto
Dr. Maria Amélia Paiva

requests the pleasure of your company at a session commemorating
International Women’s Day titled


“Narratives of Portuguese Immigrant Women”


at the

Gallery Almada Negreiros
Consulate General of Portugal
438 University Avenue, 14th floor

Tuesday, March 7th, 2006 from 5:30 to 7:30 pmComemoração Dia Internacional das Mulheres
Testemunhos de Mulheres Emigrantes Portuguesas em Toronto
Consulado Geral de Portugal em Toronto
7 de Março de 2006, das 17.30 às 19.30



1. Duas canções – Judith Cohen e Tamar Cohen
2. Introdução e Boas Vindas pela Cônsul Geral de Portugal, Mª Amélia Paiva
3. Apresentação tema - Humberta Araújo
4. Testemunhos:
Rosa de Sousa
Cristina Marques
Felicidade Macedo Rodrigues
Irene Blayer
Ana Fonseca
Mª Céu Oliveira
Ana Bailão
Milai Sousa
Clara Abreu
Idalina Silva
Maggie Unção

4. Momento musical com Judith Cohen e Tamar Cohen
5. Encerramento pela Cônsul Geral de Portugal