Friday, February 15, 2008

2008: ano crucial para a SATA

Ao mesmo tempo que o Grupo SATA expande os seus
destinos, inicia também uma “revolução” ao nível de
serviços, por forma a tornar a companhia mais acessível
aos seus utilizadores. O novo presidente desta companhia açoriana, António Gomes de Menezes, esteve recentemente em Toronto para conhecer de perto a realidade da SATA. Nesta cidade, confraternizou com diversos agentes, orgãos de comunicação social e entidades várias ligadas à aviação


Humberta Araujo
haraujo@noveilhas.com


De uma pequena companhia de aviação regional, iniciada há mais de meio século nos Açores, a Sociedade de Transportes Aéreos Açorianos (STAA) descola em 1947 na sua primeira aeronave o “Açor”, para tornar-se numa companhia internacional conhecida em alguns dos mais importantes aeroportos internacionais. Neste seu voo inaugural, do “Aerovacas” na ilha de S. Miguel, a (STAA) estava longe de imaginar quão longe viajaria um dia, numa aventura que acompanha de perto também a saga da emigração dos açorianos.
Muitos anos passados, a SATA viu finalmente os seus horizontes expandirem-se na década de noventa, altura em que inicia a sua operação não regular com voos charter. A companhia arrancou em Dezembro de 1990 com a designação “OceanAir” e em 1991 recebe autorização para uma operação não regular. A SATA Air Açores tornava-se na accionista principal da companhia. Em 1994 a SATA Air Açores tornava-se a única proprietária “OceanAir”. Em 1998 muda de nome para SATA Internacional e inicia a conquista de um vasto número de rotas nacionais e internacionais. Actualmente voa para França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Espanha, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos. A companhia que suporta ainda uma considerável operação charter, iniciou também o processo de substituição da sua frota a operar inter-ilhas.

Modernização ao serviço dos vários agentes
António Gomes de Menezes acredita que os próximos cinco anos serão cruciais para a rota canadiana. “Em cinco anos a SATA tem condições para crescer e tornar-se numa das principais transportadoras entre o Canadá e os mais importantes aeroportos portugueses, Lisboa, Porto e Faro.” Para tal diz Menezes, “existem segmentos de mercado para serem trabalhados. Portugal apresenta vários destinos turísticos que podem interessar a diferentes tipos de viajantes. (…) A situação ideal passa, segundo o presidente do grupo pelo “crescimento, mas no sentido de tornar a nossa operação cada vez mais regular, mais frequente”.
No que diz respeito a Toronto e Montreal, “pretendemos consolidar uma operação regular. O ideal seria durante todo o ano passar por Montreal e consolidar a de Toronto”. Todavia, António Menezes alerta para o facto de existirem ainda alguns entraves a estes objectivos. “É difícil prever o número exacto de voos. Obviamente, que temos de ir estimulando e reagindo à procura e fazer com que haja cada vez mais notoriedade, não só da marca SATA, mas inclusive dos próprios destinos.”
O entendimento com uma companhia canadiana que facilitasse escoamento está actualmente prejudicado, devido ao estatuto de charter sobre o qual a companhia opera. “Estamos a diligenciar no sentido de modificar o estatuto. Aí sim, será relativamente mais fácil obter um entendimento de modo a que dentro do Canadá outras transportadoras consigam construir com a SATA um entendimento para que qualquer pessoa em qualquer parte do país consiga aceder aos voos da SATA”.
Entre outras estratégias está “obviamente o trabalho ao nível da distribuição. Estamos muito satisfeitos com o nosso modelo de negócios em que operamos e que privilegia o papel do ‘distribuidor/tour-operator/ travel agent’. Mas queremos testar os sistemas de reservas para que a automatização seja uma ferramenta de trabalho ao serviço dos ‘tour operators e travel agents’ para que os sistemas de reservas e acesso a disponibilidade de lugares sejam de facto assegurados de forma mais sustentada”.
Actualmente, assegurou ao Correio Canadiano/Nove Ilhas o presidente da SATA, “estamos a trabalhar de uma forma bastante activa neste sentido. “Todavia, há decisões que passam por outras instituições. Mas acreditamos que durante este ano de 2008 teremos algumas novidades nesta matéria”.
A comunhão entre a SATA e outros organismos relacionados com o desenvolvimento económico e turístico das ilhas é crucial. “Entendo que a SATA deve estar ao serviço do desenvolvimento económico dos Açores e, por conseguinte, deve estar ao serviço do desenvolvimento do turismo, pois o mesmo condicionará a ‘performance’ económica da região. A SATA tem que estar na linha da frente e, é isso exactamente que ela tem feito ao abrir portas para o mercado Açores que continua a crescer no sector turístico. A oferta de camas está a aumentar. A proposta de valor do destino Açores tem vindo a enriquecer em inúmeras áreas. Obviamente que a base estará sempre entre o mar e a natureza, mas dentro deste figurino aspectos como o golfe, congressos e cruzeiros serão interessantes. Queremos igualmente trabalhar no sentido de aumentarmos a nossa capacidade relacionada com o ‘airlift’ que providenciamos”.




Para além de encontros com agentes de viagens, operadores turísticos e comunicação social, Gomes de Menezes visitou a fábrica de aeronaves ‘Bombardier’ uma das companhias que poderão vir a substituir os actuais aviões da frota inter-ilhas.

No interior do seio sagrado


Mariana vive no interior da ilha. A décima. Só se desloca à cidade pelas festas do Senhor Santo Cristo. Os cinco filhos que teve apenas conheceram a parteira. Médico só na vila e mesmo assim só em tempo de emergências, que felizmente não têm batido à porta. Achaques e moléstias são curadas com mezinhas e remédios caseiros. Nada de mais para sobressaltar a família. Assim se vive numa calma desconcertada, pois paira sobre a cabeça de Mariana o medo daquele peito. Que Deus a proteja da sina da mãe, da avó e de duas tias. Porém, no silêncio das palavras mudas, Mariana ouve o trepar calado do sangue a alimentar a herança. Que nada se veja e que nada se diga daquele mal desentendido pelas gentes, que se acomoda no seu corpo, como a água da chuva que o pasto sorve. Mariana esconde o que ferozmente lhe consome o peito. Não vá a vizinha, a rua, a freguesia deitar-lhe aquele olhar , o mesmo a que se acostumou a reconhecer nas caras das gentes da rua, depositado depois no seu corpo, quando de mãos dadas com a mãe acompanhou o féretro da avó e, depois já mulher, o de sua mãe.
Na terra do analfabetismo e do esquecimento, o tumor galgava o corpo da mulher, semeando a ignomínia como o mar em tempo de tempestade. Na terra, a doença “salve-seja” mais do que a certeza da dor e da morte, trazia consigo o xaile do preconceito. O peito é agora uma chaga rebentada. Já não pode negar, nem a si nem a ninguém, que aquele corpo já não lhe pertence, tomado que foi pela peçonha. É tarde demais. Tarde demais para tudo. A pobreza, a ignorância, o medo, a distância fizeram um pacto com a “salve-seja” e nada mais lhe resta do que dizer adeus aos poucos. Adeus aos horizontes azuis, ao nascer do sol, aos filhos e ao marido, ao álbum das fotografias – poucas – pois naquele tempo eram poucos os retratos.
Viveu o medo de deixar as mãos e os dedos percorrer o peito à procura do “caroço". O medo de descobrir qualquer coisa de “ruím” e fechar-se no anonimato de um incómodo, sem um abraço de esperança. Lembra as mulheres que o tumor consumiu e que ela herdou. Lembra o sangue feminino que corre no seu corpo e no seu nome. Vive o preconceito e o silêncio.
Assim morreram muitas mães e avós. Muitas amigas e filhas. Já não é preciso o silêncio. A solidariedade e a ciência já conquistaram os muros do medo. Mesmo assim, para muitas mulheres falta ainda a informação e os meios para que de uma vez por todas conquistem com orgulho o seio feminino.

Wednesday, February 06, 2008

Novo presidente do grupo Sata em Toronto

"Conhecer de perto realidade da SATA"

O novo presidente do conselho de administração do grupo Sata vai estar em Toronto. António Gomes de Menezes substui no cargo o economista Manuel António Cansado, que deixou a presidência alegando o desejo de retomar a sua carreira profissional. O novo presidente de 34 anos é doutorado em Economia e desde 2006, que desempenha funções de vogal no executivo do conselho de administração da Agência para a Promoção do Investimento dos Açores (APIA) e da ASTA-Atlântida - Sociedade de Turismo e Animação. A companhia sob a administração de Manuel António Cansado, que tomou posse como presidente do conselho de administração em Maio de 1997, conseguiu passar dos 240 mil passageiros para cerca de 1,3 milhões em parte resultado da internacionalização da companhia. Em declarações ao CC/NI o novo presidente da SATA afirmou que relativamente a esta sua viagem a Toronto ela tem como objectivo “conhecer in loco a realidade da SATA, pois a América do Norte é um mercado extremamente importante para o futuro desenvolvimento do grupo”. Nesta perspectiva, os contactos no Canadá servirão “para tomar o pulso da situação e conhecer de perto, em diálogo com todos envolvidos nesta exploração” o mercado e serviços. O futuro da SATA internacional é crucial “numa perspectiva de futuro considerando que o grupo na sua estratégia de expansão pretende melhorar em todos os aspectos o trabalho da transportadora”.
A presença da SATA em Toronto remonta a 1986 ano em que a companhia iniciou a sua presença com escritórios nesta cidade. A SATA num esforço interno de modernização nos Açores, estuda agora a compra de novas aeronaves para os transportes inter-ilhas e já anunciou tarifas mais baixas no arquipélago durante nove meses por ano. O anúncio foi feito recentemente pelo secretário regional da Economia Duarte Ponte. “O governo em concertação com a transportadora aérea regional, espera poder publicar, ainda em Fevereiro ou então em Março, um tarifário promocional, naturalmente com restrições”. Este tarifário terá efeitos positivos também para os emigrantes que se desloquem às ilhas. Recorde-se ainda que recentemente foram anunciadas baixas para as tarifas dos emigrantes.
Humberta Araújo

RIAC - Ligar Toronto aos Açores

Os açorianos a residir na província do Ontário vão dispor, a partir deste ano, de um serviço de atendimento, localizado nas novas instalações da Casa dos Açores do Ontário. Vasco Cordeiro, secretário regional da presidência, explica o porquê desta decisão do governo dos Açores.

"RIAC vai também colmatar a falta de um funcionário para CAO"
Carlos Botelho. presidente Casa dos Açores

Humberta Araújo
haraujo@noveilhas.com

Os actuais 26 postos da Rede Integrada de Atendimento ao Cidadão que se encontram a funcionar nos Açores, asseguraram 75 mil atendimentos nos primeiros nove meses deste ano, registando um acréscimo de procura de 109%, face ao mesmo período de 2006. Estes dados foram fornecidos pelo vice-presidente do governo, Sérgio Ávila, na passada quinta-feira na inauguração do RIAC, na Madalena do Pico. “O projecto já comum a todos os açorianos, é uma aposta ganha e uma mais-valia no dia-a-dia” da população dos Açores, afirmou Sérgio Ávila, indicando que, devido ao seu sucesso, serve de referência ao processo de lançamento, no Continente, da segunda geração das “Lojas do Cidadão. Quando começaram a funcionar, os postos RIAC eram utilizados, sobretudo, para pagamentos de despesas periódicas – água, luz, telemóveis, telefones e TV Cabo – mas hoje prestam uma variedade de serviços que vão da emissão do Cartão de Cidadão à apresentação de reclamações ou candidaturas a sistemas de incentivos financeiros, explicou Sérgio Ávila. Muitos destes serviços podem ser agora requeridos pelos açorianos a viver em Toronto. Circulação rodoviária, obrigações relativas ao sector da saúde, tais como cartão de utente, reembolso de despesas para aposentados da ADSE, adesão ao protocolo dos aposentados, documentos e licenças, entre eles passaportes, certificados do registo criminal, certidões, registo civil, comercial e predial e caderneta predial urbana são só algumas das responsabilidades do RIAC, que se podem estender ao cartão do cadastro comercial, candidaturas a apoios, escoamento e promoção de produtos açorianos ou pedidos de apoio para habitação. Para os jovens facilita a inscrição no Programa de Ocupação dos Tempos Livres e de Mobilidade e Intercâmbio Juvenil. Disponibiliza ainda serviços camarários e da Direcção-Geral dos Impostos, entre outros. Para Carlos Botelho, presidente da Casa dos Açores, o "RIAC vai do mesmo modo colmatar a falta de um funcionário a tempo inteiro para o clube, que prestará serviços de secretariado à direcção da Casa dos Açores, apoio aos associados, organização interna de documentos oficiais do clube," entre outros.

"Um passo importante na ligação afectiva com os açorianos"
Vasco Cordeiro



Nove Ilhas - Seguindo o sucesso dos RIAC nos Açores, o governo dos Açores em recente reunião decidiu que os açorianos radicados em Toronto iriam dispor de postos de atendimento da RIAC (Agência para a Modernização e Qualidade do Serviço ao Cidadão). Na sua essência, qual a filosofia subjacente ao alargamento do RIAC às comunidades?
Vasco Cordeiro - O Governo pretende disponibilizar aos açorianos emigrados na área de Toronto, o conjunto de serviços que são acessíveis através da Rede Integrada de Apoio ao Cidadão. Trata-se assim, não apenas de facilitar o acesso desses Açorianos à realidade da administração regional, facilitando esse contacto, mas também uma forma de reforçar a ligação da nossa comunidade aos Açores.
NI- No que diz respeito a Toronto e, na sequência de declarações prestadas pelo presidente do governo aquando da inauguração das instalações da Casa dos Açores do Ontário, estes serviços funcionariam nas novas instalações. Para quando o início dos mesmos e que passos faltam dar?
VC - Neste momento o processo está a ser ultimado, pelo que acreditamos ainda ser possível este ano a entrada em funcionamento desse serviço.
NI - O RIAC irá facilitar serviços da Administração Pública Regional, por exemplo, em questões relacionadas com propriedades, entre outros. Especificamente que tipo de serviços poderá a Agência oferecer aos emigrantes?
VC - Essencialmente, todos os serviços que estão disponíveis nesses Postos, nomeadamente, na área de relacionamento com a administração regional e com a administração autárquica. Aqui incluem-se licenças de vária ordem, certidões diversas e alvarás emitidos quer pelo Governo Regional, quer pelas Câmaras Municipais.
NI - Estes serviços podem estender-se também a emigrantes de outras regiões portuguesas?
VC - Nesta fase, e como atrás se explicou, estes serviços estão direccionados para os actos da Administração Regional Autónoma dos Açores e das Câmaras Municipais dos Açores. Pode, assim, qualquer cidadão que necessite de obter actos ou dados dessas instituições recorrer ao Posto RIAC.
NI - Ao nível da ligação afectiva dos açorianos com a região, esta é também uma aposta no prolongamento de laços facilitando ao mesmo tempo uma via de relacionamento com as novas gerações?
VC - Este é, efectivamente, um dos objectivos e das vantagens desta decisão do Governo Regional. Muito embora a actuação do Governo Regional de fomentar a ligação dos Açorianos emigrados à nossa Região não se esgote nessa medida, ela constitui um passo importante nesse sentido.