Thursday, May 29, 2008

OS PORTUGUESES MUDARAM TORONTO

Tal como os pais, os jovens
portugueses dão valor ao trabalho




Entrevista e fotos
Humberta Araújo
Toronto

“A comunidade de língua portuguesa é vibrante, activa e integrada na cidade em áreas tão diversas como a cultura, os negócios e a política. É literalmente possível dizer-se que a comunidade portuguesa, foi uma das comunidades que construiu Toronto. Os portugueses foram muito activos no movimento sindical assegurando protecção aos trabalhadores. Numa perspectiva muito pessoal, recordo que a minha mãe ao vir para Toronto após ter vivido em Londres durante o “blitz” acabou por abandonar a cidade. A razão, segundo me disse, foi porque achou Toronto “desinteressante”. Esta situação mudou definitivamente a partir dos anos 50 e 60. Toronto tornou-se numa cidade dinâmica, viva e de sucesso. A comunidade portuguesa é uma das razões desta mudança. De uma cidade tipo presbisteriana, Toronto passou a ser uma urbe mais europeia, com charme e interesse. Sem dúvida que os portugueses contribuíram, enormemente para esta mudança."
Impostos para todos
Os membros da comunidade de língua portuguesa, tal como todos os outros cidadãos deste município contribuem para as finanças da autarquia e são afectados por toda e qualquer decisão do município. David Miller diz estar consciente da situação e que apesar dos apertos financeiros do orçamento camarário, que obrigaram à implementação de novos impostos, estas novas cargas fiscais não afectam os trabalhadores. "Com a integração de outros municípios, a cidade não possuía os fundos financeiros necessários para fazer aquilo que os seus munícipes esperavam. Desde esta altura – 10 anos ainda antes da minha presidência - que o município tem sobrevivido com dificuldade. Tivemos algum apoio do governo provincial de Dalton McGuinty, mas continuamos a ter problemas financeiros, em parte devido ao facto de o governo ter transferido para a câmara responsabilidades da província nas áreas dos serviços sociais e transportes, que agora devem ser pagos pela cidade. Os novos impostos foram para meter os nossos ‘livros’ em ordem. Posso dizer que este ano temos o nosso primeiro orçamento equilibrado. Assim pudemos conservar serviços essenciais para os cidadãos, entre eles os portugueses."
Consciente da polémica em torno do “Land Transfer Tax” Davi Miller continua a defender o novo imposto, considerando-o justo. “Na minha perspectiva este é um imposto equitativo porque atinge quem tem mais, financiando os serviços para todos. É também um imposto progressivo. Se tem uma casa que vale mais do que um milhão de dólares, o imposto cobrado durante a transacção reverte a favor da cidade. Obviamente, que esta pessoa paga substancialmente mais do que se a casa custasse 250 mil. Se a sua casa vale menos de 400 mil e é a primeira vez que concretiza uma transacção não paga nada." Na prática”assegura Miller “este imposto progressivo cobra aos que têm mais, em beneficio de todos e, especialmente dos que possuem menos. Acho que esta filosofia se adapta perfeitamente aos princípios dos canadianos e possibilitou-nos que preservássemos não só serviços actuais, como investíssemos em novos programas que as pessoas desejam.”

“Vamos ganhar o GST”
Para David Miller estas medidas fiscais “ajudaram muito” embora existam ainda algumas áreas a rever, nomeadamente na forma de funcionamento do imposto sobre a propriedade. “Este ano arrecadamos exactamente o mesmo montante de impostos que o ano passado, com excepção para os novos imóveis. Na prática, se num local o valor de uma propriedade subir e, consequentemente aumentar o total arrecadado pelo imposto, noutro local da cidade outra pessoa paga menos. Por esta razão recebemos o mesmo. Porém, as nossas despesas continuaram a aumentar, em parte por causa dos serviços que usam combustíveis. O combustível continua a subir, mas nem por isso os dinheiros da câmara aumentam. O “Land Transfer Tax”vai ajudar um pouco a ultrapassar esta situação, mas a longo prazo vamos necessitar, tal como acontece na Europa de termos um imposto de venda – “Sales Tax”. Por isso “salientou o presidente da câmara, “estamos a trabalhar muito na campanha "1 cêntimo do GST.” Miller considera que a luta da edilidade a favor desta fatia do GST está já a dar passos significativos para a sua institucionalização. “Registamos já nesta matéria algum progresso. Os Liberais e o NDP mostram muita sensibilidade para a nossa luta. O governo federal dos Conservadores não tem neste momento ainda opinião positiva sobre o assunto. De registar, no entanto, que no Outono passado em algumas cidades, o imposto sobre gás foi implementado. Acho que tal aconteceu porque o parlamento aprovou tal medida na sequência da mossa campanha pelo GST. Levou-nos 7 anos para termos o imposto sobre o combustível. Estamos a lutar por uma fatia do GST há um ano. Cedo ou tarde vamos ver o nosso desejo realizado porque esta é uma luta justa.”
A propósito dos fundos federais para as cidades, Miller relembrou a sua recente visita à China, onde constatou situações em que os municípios usufruem de importantes meios financeiros advindos dos impostos federais. “Acabei de vir de uma visita à China e o município que visitei recebe metade das receitas fiscais. Nós recebemos seis cêntimos por dólar. Não admira que a China esteja a investir.”
Apesar dos contratempos nesta campanha por uma fatia do GST, David Miller está optimista. “Iremos ganhar esta luta. Uma percentagem de 65% dos canadianos concorda com esta medida. E quando os canadianos concordam, eventualmente o parlamento acaba também por concordar”.

“Temos que seguir o exemplo europeu”
Miller vê na Europa muitos exemplos a seguir pelos governos centrais relativamente ao seu espaço territorial. “Quando olhamos para a Europa, através da União Europeia ou outros, verifica-se investimento. Na Europa vê-se investimentos nas infra-estruturas e nas pessoas. Nós aqui temos uma cidade moderna, excepcional e da qual estamos muito orgulhosos. Todavia, necessitamos de investir também. Temos por exemplo um projecto nos transportes. O “Transit City” pretende construir um sistema de transporte rápido por toda a cidade. Já conseguimos algum dinheiro da província e estamos já a começar a construir três novas linhas. Os estudos de impacto ambiental estão em marcha. Estes investimentos criam empregos, tornam a cidade mais atractiva para quem nela quer viver.” Miller exprimiu a sua admiração pelo sistema europeu, considerando que ele tem apoiado o desenvolvimento integrado das suas parcelas. “Temos que começar a pensar do mesmo modo e a apanhar o comboio da Europa e da China para começarmos a andar.”



Uma das questões levadas ao presidente da câmara esteve relacionada com o facto da "Sociedade Portuguesa dos Deficientes/Society of Portuguese Disabled Persons" estar há muito tempo a lutar pela isensão dos impostos pagos pela propriedade onde funcionam os seus serviços. Apesar de ter ganho uma batalha ao ver o imposto comercial ter sido substituído pelo imposto habitacional, a luta vai no sentido da instituição ficar totalmente isenta de impostos sobre a propriedade. Apesar de promessas de alguns conselheiros municipais que estariam a lutar pela isenção, Miller diz desconhecer completamente a questão, afirmando estar disponível para analisar o problema concreto e encontrar soluções para o estrangulamento financeiro da instituição. “Existem questões a ponderar nesta situação: Os impostos provinciais, tem regras especificas ditadas pela província.
Dentro das regras provinciais a municipalidade tem alguma mobilidade. Esta situação particular nunca foi posta à minha consideração. É sempre um desafio para nós quando as pessoas transformam uma propriedade com estatuto comercial para outros fins acarretando para o município perca de rendimentos. Todavia, temos algumas politicas que se referem directamente a organizações sem fins lucrativos. É sem dúvida possível que possamos olhar para esta situação particular. Não lhe posso dar pormenores sobre este assunto em particular, até porque pode haver algumas regras provinciais que se apliquem. Mas caso sejam regras autárquicas podemos olhar, em particular, a este caso.”
A questão da criação de uma escola afro - centrista no município e as elevadas percentagens de abandono escolar no seio da comunidade portuguesa foram outros assuntos tratados com o presidente da câmara. A propósito Miller declarou ao Nove Ilhas que “eu não mando nas escolas. Evidentemente que tenho as minhas opiniões pessoais sobre o assunto. A questão de uma escola afro - centrista no nosso município é da inteira responsabilidade do executivo das escolas públicas. Estou igualmente consciente da questão que se relaciona com o abandono escolar dos jovens portugueses em Toronto, mas estes são assuntos que nos ultrapassam.”
Questionado sobre a possibilidade do município trabalhar em conjunto com a província para, no caso português, incentivar o apoio a programas de aprendizagem nas áreas dos ofícios, Miller foi peremptório.
“Nós estamos a trabalhar num importante número de iniciativas, particularmente na área dos ofícios. O Ontário tinha um programa de aprendizagem muito bom, que não foi seguido e protegido da forma como devia ter sido. Nós, cidade de Toronto, estamos a trabalhar com o governo provincial e bairros no sentido de assegurar que existam sistemas de formação profissional não só na área dos ofícios – que sabemos paga bem - mas também nas artes, nos novos media, entre outros.
A comunidade portuguesa dá muito valor ao trabalho e é normal que os jovens sigam esta filosofia de vida. Acredito que a eles se deve apresentar um vasto campo de possibilidades. Confesso que estou preocupado com a área dos ofícios pois parece-me que não tem sido dada a atenção especial que merece. Eles são muito importantes, especialmente para a cidade de Toronto, uma cidade líder na construção e afins. Temos por isso que assegurar que a formação profissional existe para quem escolhe outras formas de vida.
Buracos nas ruas: 5 dias promete Miller
O Inverno foi um dos mais rigorosos dos últimos tempos e as estradas sofreram substancialmente. “O Inverno foi muito mau, mas estamos também a pagar pelo facto da cidade nos últimos 15 anos ter deferido trabalhos de manutenção por causa de problemas financeiros. Nos últimos dois orçamentos começamos a resolver esta situação. Estamos a aumentar os serviços de manutenção e garantimos aos munícipes cinco dias no máximo, para repararmos qualquer buraco que encontrem, logo que sejamos informados. Acho que pelo final da Primavera teremos feito um bom trabalho na reparação das vias e as pessoas vão ver um melhoramento nestes serviços.”

Todos com direito à informação
A cidade de Toronto tem serviços diversificados para apoio ao munícipe e está empenhada em prosseguir serviços para todos os cidadãos. Todavia, por questões de língua não chegam a todos os munícipes. Uma delas, por exemplo referiu Miller diz respeito a uma campanha a favor do controlo de armas – Gun Ban - que Miller está a levar a efeito, Miller reconheceu ao Nove Ilhas que a cidade não tem feito um bom trabalho de informação junto dos seus constituintes.
Todavia, com a recente aprovação de novos poderes para o presidente, Miller assegura que os portugueses, como outras comunidades, vão ouvir falar mais da sua cidade. “Temos trabalhado cuidadosamente para que os órgãos de comunicação social de todas as comunidades sejam informadas dos nossos serviços e do que acontece na sua cidade. Mas a verdade é que a cidade não tem feito o melhor que pode para manter todos informados, situação que se reflectiu por exemplo, o verão passado quando tivemos que fazer cortes nos serviços camarários, porque os novos impostos tinham sido deferidos. As pessoas ficaram surpreendidas por que desconheciam que a cidade funciona num sistema de governo 'pay-as-you’.”
Esta situação resultou, segundo David Miller da estrutura existente na qual “todo o conselho administrava a cidade e ninguém era responsável por levar a mensagem para o exterior. Agora tenho esta possibilidade legal de o fazer." E, numa altura em que a comunidade portuguesa se prepara para celebrar Portugal, David Miller no final da sua conversa com o Nove Ilhas, deixou um agradecimento especial a toda a comunidade de língua portuguesa "pelo seu trabalho e contributo na construção da identidade desta cidade de Toronto."
Texto e fotos: Humberta Araújo

2 comments:

maria zenaide robbins said...

nem vale a pena comentar!os portugueses de Windsor , no Ontario "borram-se" de medo do sr.FORNO e CO. ! e esse Embaixador da treta diz que:bla, bla bla ..disparates!ele nunca deu a "FRONHA" no meu caso!ou seja andam os tugas a traficar SERES HUMANOS COM O CANADA!debaixo da mesa!

maria zenaide robbins said...

os FORNOS e os MOTA DO AMARAL e outros lixos la do tempo dos tugas de SALAZAR levarm o seu fedor, e costumes para o CANADA!mas que grande PAIS da TRETA!mas honra seja feita ao CANADA: soube reconhecer a DERROTA comigo!e ainada me pergutaram se eu sou tuga/marroaquina!NUNCA sou angolan e facam la dos papeis , o necessario quando no WC vos falatr o essencial!venci a priemeira fase , a seguir temos o resto!porque o TUGAO DO EMBAIXADOR , porco e gordo so sabe aquilo que lhe mandam dizer:SHIT TALK AND BALLONEY WALKING !fizeram o 25 de abril com cravos , para encravarem os pobres dos pretos , neste caso as criancas que vendem por ai NO CANADA por meio tostao!comigo nao deu !nunca DARIA oh SO EMBAIXADOR gordao e tretao!maria robbins