Sunday, January 08, 2006

Inglês preserva a Cultura Lusa - Portuguese Culture finds future in English language

Uma contradição ou um facto

A comunidade emigrante actual está a transformar - se progressivamente e, como tal, a colocar novos desafios aos governos regional e nacional. No caso específico dos Açores, porque é aquele que me está mais próximo, pode constatar-se que a língua portuguesa está a desaparecer ou a metamorfosear-se. Aqui fala-se o português, mas o português do emigrante. E cada um fala a língua lusa ao seu jeito e de acordo com a herança familiar, a escolaridade e a província em que vive.
Talvez por isso, hoje o debate seja diferente. E este surge de uma escuta atenta das segunda e terceira gerações, aquelas que o país quer fazer despertar por razões puramente económicas, históricas ou culturais.
O jovem canadiano aqui nascido, criado e educado está confrontado com um grande manancial de culturas e línguas e, talvez por isso sinta despertar mais do que nunca o interesse pelas suas raízes. Mas nesta situação específica as raízes não são a língua, mas sim o avivar de um sentimento que é parte de uma memória individual fruto das experiências de cada um na família, na comunidade e junto dos grupos sociais em que se integram.
Assim sendo o jovem orgulha - se do português que sabe falar, mas reprime-se na sequência de atitudes pouco tolerantes por parte dos adultos, que na comunidade através das Associações Recreativas e Culturais assumem o absoluto poder e controlo do que é ser verdadeiramente português e da pureza de uma língua, que nem por isso é assim tão pura.
Na maioria dos casos as tomadas de decisão são feitas pelos dirigentes e os jovens são um mero invólucro. A falta de participação da juventude parece acontecer porque na verdade ela não é chamada a participar no processo decisório. Os jovens são naturalmente diferentes na perspectiva de como olham a cultura e a língua portuguesas. Mas é esta a perspectiva que no futuro acabará por prevalecer. Para esta nova geração lusa a língua é um factor importante a ter em conta, mas não é o essencial.Este súbito interesse pelas raízes é um factor relevante e um potencial riquíssimo a ser explorado.

H. Araujo

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